10 coisas que os futuros donos de cães devem saber
1. Adopção vs Compra
Antes de continuar a ler, caso não saiba a amizade não se compra. Afinal procura um animal que seja seu companheiro ou um que possa exibir por aí como um troféu? As associações estão praticamente todas lotadas, e com tantos animais nelas a procurar um lar, qual seria a necessidade de comprar? Cães de raça, cruzados (ou pelo menos com a aparência de um animal “puro”) também existem nos canis. (o abandono não vê raça, pelos vistos). Logo, se procura tanto um cão que apresente determinado aspecto físico, procure. O que não falta são animais de diversas formas e feitios para adotar.
2. Levantes questões relevantes
Faça a si mesmo muitas perguntas e veja se as respostas são compatíveis com a adição de um novo membro à família.
Quanto dinheiro pode gastar?
Quanto espaço tem disponível?
Quanto tempo pode ser dedicado ao animal todos os dias? E quanto será o tempo em que ele ficará sozinho?
Com que frequência tira férias ou viaja?
É uma pessoa mais ativa ou mais sedentária?
Alguém em sua casa (ou no seu círulo de relacionamentos próximos) é alérgico ou tem medo de animais?
Todas estas perguntas vão ajudá-lo a tomar a decisão mais acertada.
3. Despesas
Ter um cão é algo que pesa no orçamento familiar, existem muitas despesas fixas (ração, vacinas, desparasitantes, banhos e mais algumas coisinhas que sempre vão sendo necessárias porque se estragam ou deixam de servir – como os brinquedos, as caminhas ou as coleiras/trelas). Além disso, como se não bastasse há algumas despesas iniciais que também importam. Um dos benefícios de adotar é que, dependendo da associação, algumas delas estão já asseguradas (como por exemplo a castração, vacinas e o microchip). Por isso é muito importnte refletir para ter a certeza que existem condições financeiras para manter um animal.
Notinha 1: Sei que existem muitas pessoas que mesmo querendo adotar não possuem capacidades financeiras para tal. Bem, nada está perdido. Tente ser FAD (Família de Acolhimento Definitivo). Essas famílias acolhem um animal (normalmente algum que dificilmente seria adotado, mais idoso ou com algum problema físico) e a associação continua a assumir todos os seus custos.
4. Compromisso
Adotar um animal é um compromisso que dura anos, ou seja, é uma responsabilidade enorme. O seu cão vai estar entregue a si durante toda a sua curta vida (o que ainda é algum tempo, visto que eles podem viver de 15 a 20 anos aproximadamente). Vai fazer algumas coisas que não devia, mas em contrapartida vai dar-lhe todo o amor que tem. Vai amá-lo incondicionalmente. Adotar um animal é um ato de amor muito grande, que lhe vai ser retribuído até ao seu último suspiro.
5. Disponibilidade
Outra coisa a considerar é o tempo que temos disponível para cuidar de um cão.
Idealmente eles devem passear 2 vezes ao dia durante 30 minutos, mas essa necessidade é variável. E, além disso, tenha consciência que o passeio não serve apenas para fazer as necessidades ou é o bastante para manter um animal estimulado.
Durante os passeios os cães socializam com outros da mesma espécie, são expostos a novos cheiros e sons e isso é algo que os estimula. Mas não chega, para estimular um animal mentalmente é preciso também brincar com ele para que seja saudável e para que o vínculo entre dono-animal aumente.
6. Férias
Grande parte dos abandonos ocorrem no verão, durante a época de férias, porque os “donos” apenas se importam com o seu descanso e tratam de arranjar uma “solução” barata e que não lhes dê trabalho.
Por isso pense com quem vai ficar o seu cão durante a sua ausência. Vai ficar alojado num hotel (esta é uma opção mais dispendiosa), vai utilizar serviços de pet sitting ou ficar com algum conhecido/familiar? Isso é algo muito importante que se deve levar em conta. Informe-se dos preços praticados na sua zona e qual seria a melhor opção.
7. Educação e Treino
É necessário ter em mente que os cães de associações podem muitas vezes ter traumas, problemas comportamentais ou mesmo nenhuma educação básica.
Pode ser preciso ensiná-los a andar à trela, a não saltar para as pessoas, a não roubar comida, a fazer as necessidades no lugar correto e a obedecer a coisas simples ou ordens básicas. Para tudo isso é precisa muita paciência, porque cães que viveram toda a vida com esses problemas não vão mudar de um dia para o outro.
Caso sinta que não é capaz de controlar esses comportamentos por si próprio talvez seja melhor procurar um treinador.
8. Cães são... Cães
Este ponto é especialmente importante para quem pensa em adotar um cachorrinho.
Os cães fazem barulho, roem/estragam coisas e sujam-se a si e à casa muitas vezes.
Afinal, cães são… cães. Soltam pêlo por todo o lado e cheiram àquilo que são, cheiram a cão.
Por isso, principalmente se é a primeira vez que vai ter um animal em casa, tenha consciência disso.
Vai adotar um cão, um ser vivo, não um boneco ou um peluche.
9. Mudanças na rotina e na casa
Com um novo membro na família muita coisa muda, inclusive a rotina e a própria casa.
Verifique as divisões onde o animal vai passar a maior parte do tempo e tenha atenção a cabos no chão que podem ser facilmente roídos, substâncias (medicamentos, detergentes…) ou plantas tóxicas e sacos de plástico.
Já sobre o dia-a-dia, para quem nunca teve um cão eu recomendo que faça voluntariado pelo menos uma vez ou seja FAT (família de acolhimento temporário) de um animal. Isso pode ajudar bastante a perceber como as coisas mudam e a criar uma nova rotina.
10. Características do Animal
Antes de adotar um animal é preciso refletir sobre as suas características.
No caso da idade, adotar um cachorrinho vai dar muito mais trabalho (e também mais despesas) que um cão adulto, que já tem personalidade definida. Ou ainda que um sénior, pois apesar das despesas que a própria idade trás é normal os cães mais idosos serem mais calmos e menos ativos.
Notinha 2: Pensem com carinho na possibilidade de adotar um cão velhinho, eles continuam a merecer todo o amor do mundo e também têm direito a uma casa mesmo que apenas no fim da sua vida. Adotar um animal é um ato de muito amor, mas adotar um animal idoso é ainda mais gentil, é dar um pouco de conforto nos últimos anos de vida de um bichinho que tanto sofreu.
O porte também é importante. Afinal colocar um cão grande num apartamento pode não correr bem (especialmente com donos inexperientes). No entanto isso não é a regra, cães grandes podem ser mais calmos que cães pequenos. Por isso conhecer alguns animais e perceber a quantidade de energia que dispoêm vai ajudar a escolher aquele que mais se indica ao seu estilo de vida.
Visite a associação e conheça aqueles que cuidam dos animais todos os dias, uma vez que provavelmente conhecem melhor a personalidade de cada cão pois convivem com eles regularmente e vão conseguir apresentar-lhe os animais que mais se encaixam no seu perfil de “Cão Ideal”.
Depois existem mais algumas características a ter em conta como o sexo ou o tipo de pêlo do animal, mas isso só depende das preferências do adotante (ou da sua disposição para desfazer nós não é mesmo?).
Texto de Filipa F. L. ( https://www.instagram.com/_thirteendreams_/ )