USO DE REFORÇO POSITIVO
É de extrema importância, e nunca digo isto demasiadas vezes a cada tutor que me parece; Não há necessidade de castigar o nosso cão.
Temos de reforçar os comportamentos que desejamos, valorizar o que ele fez bem, e não castigar, repreender o que ele faz “mal”.
Tipos de reforços positivos podem ser; festinhas, elogios ( “boa!”, “lindo menino!”), biscoitos, brinquedos favoritos.
Se nos pusermos um pouco na perspectiva dos nossos patudos conseguimos ter a percepção de que eles não veêm o mundo como nós.
Para os humanos um simples “senta” ou “deita” é tão normal, é uma palavra tão comum, tão fácil de associar que pressupomos que outro ser vivo entende. Ou seja, temos a tendência de achar que se gritarmos, se fizermos cara feia, se apontarmos o dedo enquanto ordenamos ao cão “SENTA!” ele irá perceber de imediato o que esse “som” significa!
Não podemos pensar assim.
O “SENTA” seja dito com cara feia ou com um biscoito na frente da cara do cão, não passa disso mesmo para eles, um som.
Para que eles passem a associar esse som a um comando, a uma ordem, a um movimento, é preciso educá-los, fazê-los entender o que queremos dizer. E repito; educar somente com reforço positivo!
Eu já disse que gosto de fazer analogias com pessoas vs cães não já? Porque realmente facilita a mudança das mentalidades de muita gente, e é especialmente a pessoas que eu quero chegar. São os tutores que precisam de ser educados para poderem educar os seus cães.
Ora então imaginemos o seguinte:
Alguém que não conheço, pode ser um homem russo (isto partindo do princípio que de facto não sei falar russo) começa a gritar para mim e a gesticular de forma agressiva algo na língua dele. Suponhamos que ele está na verdade a dizer: “senta-te”.
Ora eu, sendo portuguesa, não conhecendo russo, ouço o som que sai da boca dele, vejo os gestos e dedos que ele me insiste em apontar, até pode colocar um croissant com chocolate na minha cara, o que me parece bem devo dizer, mas no entanto eu não entendo nada! Apenas estou a ficar com uma má associação deste senhor e numa próxima vez não gostaria nada de estar com alguém assim!
Mas que quer ele dizer? Não faço ideia, penso eu, mas gosto do aspecto daquele croissant.
Conseguem perceber?
Para os nossos patudos é isto. É precisamente isto que eles veêm e entendem.
Agora se o russo perder um pouco de tempo, a tentar explicar-me por lingua gestual o que ele pretende, talvez se parar de me gritar e se ele se mostrar mais simpático, talvez eu chegue lá!
E vou gostar muito mais dele se mudar um pouco a abordagem e a atitude agressiva, não é?
Portanto, todos somos capazes de aprender, aprendemos todos os dias, a toda a hora e o mesmo com os cães.
Por isso, sejam pacientes, sejam simpáticos e os vossos cães vão aprender mais rápido e melhor, e sem traumas.
DESSENSIBILIZAÇÃO
Muitos cães com problemas comportamentais, provenientes de experiências traumáticas, são extremamente sensíveis a outros estímulos, desde outros cães, sons, pessoas, objectos, etc.
A dessensibilização consiste em, gradualmente e de forma controlada, expôr o cão ao estímulo a que ele é reactivo e praticar o controlo dessa resposta emocional, através da criação de boas associações, para que a longo prazo essa reação seja muito pouca, acabando por ser até mesmo nula.
Um exemplo disto seria: um cão que tem medo do aspirador.
Há que tornar o som do aspirador algo normal, assim como o objecto na totalidade, começando de forma sempre gradual, diminuindo a distância entre o objecto e o cão, ligando o aspirador por breves momentos por exemplo. Gravar o som do aspirador no telemóvel e colocar em alturas ocasionais também funciona.
Tudo gradual, até que acaba por se fundir com o ambiente. Até esse estímulo deixar de o ser, até que o cão seja capaz de ver e ouvir o aspirador e não demonstrar reactividade. Depois poderíamos criar boas associações à presença desse objecto. Reforço po-si-ti-vo!
Este processo exige paciência e repetição
PEDIR AJUDA A UM PROFISSIONAL
Quando já se tentou de tudo e o comportamento do seu cão parece não melhorar, chegou a altura de contactar um profissional da área.
A minha metodologia é baseada somente em reforço positivo, pois para além de ser totalmente contra quaisquer tipo de punições / castigos, não há absolutamente necessidade alguma de o fazer.
Não vamos ensinar nada ao cão a não ser medo e más associações que a longo prazo resultam em reactividade, ansiedade, agressividade, problemas de confiança no tutor, entre outros.
Por isso aconselho a procurar um treinador de cães que use métodos positivos, que não seja adepto de estranguladoras, nem coleiras de choques, que não use punições verbais, físicas, e procure conhecer o seu trabalho e faça sempre questões.
Já falámos anteriormente em como todos os cães, de todas as raças e idades têm a capacidade de aprender, no entanto quanto mais cedo começar a educar o seu cão melhor.
O ideal será sempre prevenir comportamentos e reações não desejados em vez de deixar passar tempo demais e criar outro tipo de traumas, consequências de todo um acumular de situações.
Um bom treinador de cães vai por o seu cão em primeiro lugar e ver a melhor abordagem para o ajudar a perder o medo.
Vai tentar falar da melhor forma possível com os tutores, explicando o que podem melhorar e como não devem agir com o seu cão.
Prevenir é sempre melhor que remediar. Mas a solução é possível sim, com a dedicação, paciência e amor do tutor.
“Treino positivo sempre”
Artigo de Patrícia Teixeira