Vais adotar um cão? Então e as férias?
Encontramos frequentemente as palavras férias e animais de estimação numa mesma frase e quase nunca por bons motivos. A infeliz junção está normalmente relacionada com o aumento do abandono de animais no período de férias ou com o mito: quem tem animais nunca mais poderá ir de férias; o tutor estará para sempre preso ao local onde o seu animal reside.
Vamos desmistificar esta ideia.
As férias são na verdade um período de descanso, por isso podem até nem significar uma deslocação, mas se o plano incluir viagens para dentro ou fora do país, um animal não é nem deve ser um impedimento, mas sim parte do plano.
Quando planeamos uma viagem, planeamos o meio de transporte, o alojamento, os locais a visitar e como tal devemos também considerar o nosso animal de estimação no nosso plano.
O tipo de plano no qual iremos incluir o nosso animal de estimação, está obviamente dependente da saúde do mesmo, do comportamento e do impacto que uma deslocação ou uma alteração na rotina pode provocar no animal.
Se o plano é uma roadtrip e o nosso cão enjoa em viagens de carro, talvez o nosso plano tenha que sofrer alterações, o que não significa que o plano passe a ser ficar “preso” em casa, como tantas vezes ouvimos quando partilhamos que vamos adotar um animal.
Quando falamos em viagens de avião, o impacto é obviamente maior, o que não significa uma vez mais que não o façamos, passa novamente por delinear um plano para o animal.
Por outro lado, há animais de estimação que adoram viagens, que se adaptam bem a novos alojamentos e que gostam de acompanhar as aventuras do tutor. Nesse caso, a minha sugestão é incluí-los nas férias de forma mais ativa. Todavia, deve ter-se sempre em consideração as suas limitações físicas, as temperaturas que se farão sentir, o tipo de locais que pode ou não visitar, a rotina de descanso do mesmo.
No entanto, quando a decisão é não considerar o animal como parte ativa nas férias, quer seja pelo comportamento e estado do animal em causa, ou por opção dos tutores, o momento de definir um plano para o animal terá de acontecer. Nestes casos, devemos sempre privilegiar soluções confortáveis para ambas as partes e seguras para o animal. Ficam algumas sugestões:
Porque não convidar um amigo que até trabalha perto de nossa casa e com o qual o nosso animal adora estar para passar uns dias lá em casa?
Pode ser uma solução confortável e económica para ambas as partes.
Porque não recorrer a um serviço de petsitting?
Nesse caso é importante assegurar que o nosso animal conhece o local, se sente confortável e nós confiamos na(s) pessoa(s) e o local reúne todas as condições. Visitar o local e obter feedback de outros utilizadores é muito importante, para que não ocorra nenhum acidente.
Porque não deixar o animal em casa de familiares ou amigos? Pode ser uma solução divertida se o nosso animal gostar de outros animais. Neste caso, investir num período de socialização será muito importante.
Felizmente são cada vez mais os hotéis, alojamentos locais, espaços de lazer e restaurantes que permitem a permanência de patudos. Nesse caso, nós e o animal devemos aproveitar e usufruir de tempo de qualidade em conjunto. Devemos ser cumpridores das regras dos locais e também contribuir ativamente na desmistificação de que é possível viajar com um animal, e de que a presença do animal valoriza o local.
Partilhem connosco os planos que fazem para os vossos animais no período de férias.
Mónica Augusto
Concordo com tudo, apesar de ser uma análise pouco conclusiva.
1) Quantos amigos temos que estão dispostos ou disponíveis para acolher o nosso animal? Muito poucos, diria eu;
2) Achamos mesmo que um amigo que venha passar uns dias a nossa casa cumprirá as regras da casa? Janelas mal fechadas, descuido com portas, horários de jantar, rotina de higiene do animal…?
3) Levar os animais em viagem? Os espaços não estão preparados para os receber, nem imagino um beagle num restaurante, ninguém teria descanso, ainda que sejam permitidos.
Propõe soluções teóricas, que se aplicam quando muito a raças mini. No mundo real, de cães de médio/grande porte, com pouca educação e treino, nenhuma das soluções apresentadas é viável. E falo por experiência própria, sou dono de 5 cães, 2 dos quais Rottweilers.
A única solução, até para os donos aproveitarem as férias merecidas, é alojar os animais com profissionais que conheçam bem as necessidades caninas, e cuja razão de o serem é prestarem os melhores serviços a estes “clientes”.
É escusado insistirmos em querer que os nossos animais vivam como nós. Sejam como nós. Ajam e comportem-se como nós. São espécies diferentes, com necessidades diferentes e específicas (os cães são carnívoros, não são vegetarianos e muito menos vegan). Precisam de exercício e rotinas regulares, certas!